Um dos muitos Fla-Flus do mercado automotivo envolve aquela categoria que mais cresce. Isso porque o termo SUV é muito criticado por analistas e até mesmo consumidores.
Sigla em inglês para Sport Utility Vehicle, o termo começou a ser usado nos modelos mais altos e robustos vendidos nos EUA. Eram veículos que usavam geralmente base de comerciais leves e estrutura sobre longarinas. A tração 4×4 também era mandatária.
O nome serve justamente para ilustrar a versatilidade desse tipo de veículo. É um utilitário como picape, mas tem aplicação para lazer. Permite andar no asfalto, mas também encarar trechos off-road e esburacados, e ainda levar a família.
Tudo mudou com o tempo. Os SUVs ganharam propostas mais urbanas. Pode-se dizer que um dos culpados pela “deturpação” da carroceria é o Ford EcoSport. Lançado em 2003 e feito sobre a plataforma do Fiesta 6, o projeto brasileiro jamais teve qualquer pretensão off-road além de uma inocente estrada de terra.
O sucesso do jipinho urbano não só influenciou outros modelos no Brasil, como no mundo. Hoje, metade do que é vendido no planeta é SUV. E a grande maioria com arquitetura automóvel e proposta de ser um carro de passeio familiar.
No Brasil não é diferente, só que muita gente torce o nariz, para quando chamamos tais modelos de SUVs. Nesse debate, tem quem ache que deveriam ser chamados só de crossover, tem quem ache que só poderiam ser denominados como hatches bombados.
Só que a classificação utilitário esportivo no Brasil segue normas técnicas. São fatores que definem o que é um SUV conforme critérios definidos pelo Inmetro publicados na Portaria 377 do instituto, de 29 de setembro de 2011 – atualizado pela Portaria n.º 522, de 31 de outubro de 2013.
E quais são esses fatores que definem o que é SUV? Descubra agora.
1 – Vão livre do solo
De acordo com as regras do Inmetro, um dos fatores que definem o que é SUV é a altura em relação ao solo na frente (da base do para-choque até o eixo dianteiro) e atrás (idem, até o eixo traseiro). Essa distância do chão deve ser de, no mínimo, 18 centímetros. Há “tolerância” de 2 cm.
Para se ter uma ideia, veja os números de alguns SUVs compactos neste quesito:
Nissan Kicks: 20 cm
VW Nivus: 20,7 cm
Toyota Corolla Cross: 16,1 cm
2 – Vão livre entre os eixos
As regras também valem uma sintonia mínima de 20 centímetros no vão central do carro. Ou seja, na parte do assoalho entre os eixos dianteiro e traseiro. A tolerância também é de até menos 2 centímetros.
Veja alguns exemplos:
Hyundai Creta: 19 cm
Chevrolet Tracker: 15,7 cm
Jeep renegade: 20,7 cm
3 – Ângulo de entrada
Também conhecido como ângulo de ataque, é a medição do ponto mais à frente do para-choques ao ponto onde o pneu encosta no obstáculo. O cálculo é um dos fatores principais para definir o que é SUV. Este deve ter, pelo menos, 23 graus (tolerância de -1º).
Exemplos:
Honda HR-V: 17,8 graus
Fiat Pulse: 20,5 graus
Renault Duster: 30 graus
4 – Ângulo de saída
A lógica é a mesma do ângulo de ataque, mas os números exigidos são menores para o carro ser definido como utilitário esportivo compacto.Entre os fatores que definem o que é SUV o ângulo de saída mínimo deve ser de 20 graus (tolerância de -1º).
VW Nivus: 26,1 graus
Hyundai Creta: 28,4 graus
Chevrolet Tracker: 28 graus
5 – Capacidade de subida em rampa
Também chamado de ângulo de transposição de rampa, é a capacidade que o veículo tem de superar rampas sem arrastar qualquer parte do veículo. Para ser classificado como SUV, o modelo deve ter o mínimo de 10 graus, com tolerância de 1º para baixo.
Tecnicamente, segundo a portaria, esse número deve ser medido como a média dos ângulos a partir do ponto tangencial mais baixo entre os eixos do veículo até os pontos tangenciais posteriores da área de contato do pneu do eixo dianteiro e anterior da área de contato do pneu do eixo traseiro (ufa!).
Jeep Renegade: 21 graus
Renault Duster: 22 graus
Fiat Pulse: 21,3 graus
Quatro bastam…
Bom lembrar que, pela orientação técnica, basta um veículo cumprir quatro destes cinco fatores para ser definido como SUV.
Já para um veículo ser considerado fora-de-estrada e ter tração 4×4, a coisa muda de figura. Veja mais cinco fatores que emitem o que é SUV off-road.
6 – Ângulos de ataque e de saída
Para ser um off-road, segundo o Inmetro, o ângulo de entrada mínimo deve ser de 25º. A tolerância permanece até. Já o ângulo de saída deve ser de de 20º para cima, com tolerância de -1º.
7 – ângulo de transposição de rampa
A capacidade de rampa também deve ser maior em um veículo que quer ser um SUV off-road. O ângulo de transposição de rampa mínimo, nestes casos, é de 14º, com tolerância de -1º.
8 – Vão livre do solo entre os eixos
A régua é a mesma para definir o que é um SUV de passeio. Para ser fora de estrada, basta ter altura livre do chão de 20 cm entre os eixos, com “margem de erro” de até menos 2 cm.
9 – Distância do solo
Os critérios são até mais benevolentes para o veículo ser um off-road compacto. A altura livre do solo sob os eixos dianteiro e traseiro deve ter, no mínimo, 18 centímetros. A tolerância é de até menos 2 cm.
10 – Pneus
Um detalhe curioso sobre o que define o SUV compacto fora de estrada diz respeito aos pneus. O equipamento de série nas quatro rodas deve ser aquele de uso misto, que foi popularmente usado pelos hatches e peruas aventureiros nos anos 2000.